segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

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Sutilmente o som da vitrola na sala ao lado, entra em meu recinto e me penetra os ouvidos. Um blues antigo; ou um rock, não tenho certeza. Parece que as loiras já afetaram minha audição musical, meu espírito e toda a simplicidade da composição que outrora suscitara um prazer descomunal; já não são iguais. De repente acaba, e o som do silêncio parece dizer-me muito mais. Ouçam, estão dizendo. Esperem, querem sugerir alguma coisa.. Uma nova canção, talvez. Ao fundo, dá-se início a um novo som. O prazer é inevitável. A música toma uma papel muito mais importante; para além de minha própria vontade. Que som é esse, óh céus? Não posso esperar mais, isto vai me atormentar eternamente, há de ser o momento inoportuno para criar oportunidades, e lhes dizer: óh mundo, onde está o sabor que suas almas insistem em evitar, ilustre e profundo; sabor dos fantasmas mergulhados em sonhos que foram apagados pela ilusão do presente eterno; em um mundo desprovido de delicadeza espiritual.