Sutilmente o som da vitrola na
sala ao lado, entra em meu recinto e me penetra os ouvidos. Um blues antigo; ou
um rock, não tenho certeza. Parece que as loiras já afetaram minha audição
musical, meu espírito e toda a simplicidade da composição que outrora suscitara um
prazer descomunal; já não são iguais. De repente acaba, e o som do silêncio
parece dizer-me muito mais. Ouçam, estão dizendo. Esperem, querem sugerir
alguma coisa.. Uma nova canção, talvez. Ao fundo, dá-se início a um novo som. O
prazer é inevitável. A música toma uma papel muito mais importante; para
além de minha própria vontade. Que som é esse, óh céus? Não posso esperar mais,
isto vai me atormentar eternamente, há de ser o momento inoportuno para criar
oportunidades, e lhes dizer: óh mundo, onde está o sabor que suas almas
insistem em evitar, ilustre e profundo; sabor dos fantasmas mergulhados em
sonhos que foram apagados pela ilusão do presente eterno; em um
mundo desprovido de delicadeza espiritual.