domingo, 28 de outubro de 2012

135

Hoje resolvi abandonar todos os quadros que enfeitavam minhas paredes. Está na hora de mudar, de criar algo novo. Lá no fundo, me enjoei de como as coisas tem sido; optarei por novas pinturas. Espero não estar me equivocando; espero que esta nova fase me agrade também. Não, não pretendo abandonar tudo; quero as mesmas imagens, só que em cores mais significativas... vermelho, talvez.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

134

Continuo escrevendo aquilo e acolá; nas paredes, nuvens, quadros. Continuo rabiscando o pouco que aprendi. Palavras difíceis, palavras dualistas, palavras. Continuo aprendendo a escrever e nada pode deter, nem sequer precisa estar atento, apenas gosto disso. Apenas espero que eu leia daqui alguns anos e não me arrependa de ter perdido o tempo sem escrever. Continuo tentando entender o que me faz bem!

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

133

Não faria todo sentido se estivesse no chão, nada há de me levar a tal ponto. Jogaria dados com as almas carentes de razão, e exporia toda minha satisfação em estar vivo, ainda que nada mais esteja. Seria capaz de elucidar o profundo e sombrio espirito criador de tamanha satisfação. Experimentar afecções de homens escravizados. Do sofrimento de jovens apaixonados. De mulheres que perderam a esperança. E mesmo assim permaneceria satisfeito em estar vivo. Em verdade, tudo isso eu sinto agora. Mas não me importo; nem eu mesmo tenho contato com tamanha decepção. Eu mesmo, e por mim, me mantenho em pé; minha vontade de provar da grandeza, do poder. Contemplar os prazeres de mãos dadas com a dor. Experimentar a vida no ínfimo de sua unidade com tudo aquilo que está aí, longe ou perto. Sofrer e saber que estou vivo; lutar e acreditar que algo melhor está por vir. Quero provar de tudo que é, por excelência, ruim; quero que a esperança me engane, que jogue fora toda realidade a minha volta, a qual já havia sido por mim percebida; inútil e degradante.. Por que nada além dessa terrível realidade me faria existir, de qualquer outra forma que pudesse fazê-lo..

132

Eu ouvia o barulho enquanto contava e tentava não perder a atenção ao que me parecia lúcido, e nada mostrava além de seus pequenos gestos. Eram irreconhecíveis, a tal que fazia-lhe de caça e arrogância. Era só um sorteio. Era só uma charada!

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

131

Súbito, a vida vira de cabeça para baixo. Um turbilhão de emoções, mas só se alcança um... Sinto meu coração partido, quebrado, triturado, esmigalhado e servido aos porcos. Qual a sensação? De não ter nada/ninguém a quem se agarrar? A solidão adora companhia, e no momento sou vítima de seus caprichos. Redemoinho não chegaria perto do conflito interno que agora me aflige!

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

130

Meus segredos eu desejo que seja apenas visto por mim, ainda que eu gosto de você, goste dele ou dela, mesmo que eu ostente essa cara de feliz, mesmo que me vista de histórias, mesmo que invente uma desculpa, mesmo que não tenha saída. É apenas algo que me faz ser um universo próprio, onde enquanto só eu sei, preciso manter-me vivo para continuar sabendo sozinho!

129

Eu digo que quero, que volto, que conservo, que lhe espero. Digo que te suporto. Escrevo canções, poemas, artigos, páginas à toa, apenas para olhar para o espelho. Aceito desculpas, ranhuras, qualquer verbo que você queira aplicar a mim. Programo meu tempo, meus casos, meus deleites, minhas injustiças. Planejo minha queda e meu palpitar de dentes. Mas o que eu gosto mesmo é de mentir.

128

E só quero correr, gritar, chorar... Mas aí algo me segura. Algo faz com que continue caminhando... Infinitas possibilidades que não tive coragem de tentar. Arrisco ou vou pro túmulo com vida não vivida correndo em minhas veias? De repente sinto a noite e todos meu pensamentos direcionam-se a morte, e eu vi o seu corpo ficando cada vez mais podre...

sábado, 20 de outubro de 2012

127

Escolhi. E estava situado. Ouvi os meus e tive que escolher. Não sobrava muito tempo nem tantas escolhas, era na base do terceiro excluído. Restava poucos pontos e as chaves já não me sustentavam tentativas, era apenas o passo de escolher. Rasurei algumas vezes e acabei por vencido. Não queria entender como estava acontecendo, apenas fiz-me parte de mim mesmo, parte de algo que não poderia entender se não estivesse em mim. Em parte que remendo e recordo.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

126

Eu preciso aprender a ser gente. Preciso entender como a vida funciona e ter menos raiva do mundo. Preciso reclamar menos das generalizações e entender que o banalizar é inerente ao ser humano. Que o perdão não existe, é apenas parte de um pacote que faz a memória automaticamente esquecer e quanto mais doloroso for identificado pelo mesmo, mais deste será necessário saciar. Preciso entender que não é preciso brigar, e que manter-se para si também é feliz. E nada lembrar no dia seguinte, para reaprender a aprender.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

125

Era aquela a pessoa por que eu havia chorado. E agora o via na imaginação subindo no avião, indo embora para longe, assim como o vira, na realidade; naturalmente, não tardei a sentir-me novamente como se estivesse no Inferno. Durante o dia, nada mais fácil do que mostrar que não dá importância, mas, à noite, é diferente.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

124

E se minha suposta liberdade for mais que simples ilusão? Se pessoas fossem como pássaros, voando livremente; pairando sobre um mundo de possibilidades? Se escolhemos livremente as árvores onde iremos pousar? Se decidimos ao mesmo tempo fugir dos nossos males comuns, tal como elas juntas fogem do frio; e, da mesma forma, não há nada, se não um instinto comum que leva a todos juntos buscar um mesmo fim. E se este instinto é tão forte, duma natureza tão rígida e animal, que até esta suposta liberdade se curva a ela, e a nossa Vontade, tão essencial, se torna tão escrava, suprimindo nosso desejo de sermos livres, tão somente pra preservar nossa vaidade.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

123


E querem me convencer que o sofrimento torna as pessoas humildes. Pura bobagem. Quanto maior o sofrimento, maior é o egoísmo. Aquele que sofre não só se lamenta, mas se torna cada vez mais cego e egoísta em respeito a condição do outro. Toma as suas como as maiores dores do mundo. Não que pela dor não possamos amadurecer, mas dizer que sofrer necessariamente torna alguém melhor não é o caso. E quer saber, quase todos somos assim. E por 'quase', estou sendo demasiado otimista.