segunda-feira, 12 de setembro de 2016

220

Expressão concisa de liberdade e sinceridade é  a minha embriaguez que - por ironia estética - sendo uma embriaguez solitária, te procura. Não ofereço nada além do sabor da verdade. De súplica e de necessidade. Procurar é expressão da ânsia mordaz de meu peito febril pelo prazer da tua presença. Como de costume, não é um prazer físico (não somente).Ter contigo como esperança do prazer que nem mesmo um copo cheio e duas pedras de gelo me ofereceram é de assustar a ambos. Não te preocupes. Compreenda que a única coisa em jogo não é a súplica do desejo. É necessário, muito além de qualquer coisa, um movimento lucido em direção à monotonia. Á inércia pacata das almas que dá ao puro romance uma estética erógena. É por isso que lamento tanto que te volvas os olhos quando meu enlevo etílico volta os braços a ti. Que prefiras transformar te em incertezas ao invés de dor do arrependimento incerto. Amanhã de manhã serei a sarjeta. Se não fores capaz de à noite completar meu cálice com dois tragos ou mais, não me ajude. Deixe que num beco qualquer apodreça o corpo cuja alma deixaste arrastar-se pelas ruas a se perder em misantropia.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

219

Vá! E diga a eles que, em breve, todos viveremos outra vez.

218

Admiro, de todas as virtudes no mundo, a coragem daqueles que partiram sem dizer adeus.

217

É verdade afinal que é esta a pior época de um homem. Olho ao redor mas sem muita atenção à mudança. O interior do homem busca, como se sabe, na verdade a repetição. Uma espécie de não vida em oposição à linearidade das aventuras humanas. É como querer viver sem estar vivo. Um retorno místico do homem ao útero materno da não-existência moral. Ainda assim regojiza-me trancar os olhos e ver ao fim do traço retilíneo de história humana o rosto sereno que nem mesmo aparenta interesse. Nessa imagem de paz, imaginação ou lembrança que seja, percebo nunca a vi (ou verei) sorrindo.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

216

Lembro o quanto vivi sozinho, é verdade. Ah, o quão áspero o caminho trilhado na ausência e na busca pelo sentido intrínseco da solidão presente. Impetuosamente entrara, no entanto, vinda de onde jamais alguém ausente de um mundo comum poderia se antecipar. Silenciosamente me inspira, pena que é cedo pra saber o quão importante o caminho que ocupa.